domingo, 19 de março de 2017

Humor do sofrimento

Prometeu (1610-1611), Peter Paul Rubens

Num ensaio recente, "Dostoievski, a escrita do sofrimento e do perdão", Julia Kristeva aprofunda o tema freudiano da impulsão à morte" e do "masoquismo primário", ausentes dos estudos de Freud sobre o autor de O Idiota. Em vez de transformar-se em impulsões eróticas, a "impulsão à morte" se resolve em Dostoievski, segundo Kristeva, num "humor do sofrimento". À borda da ruptura entre o Eu e o "outro", antes mesmo que a ruptura se verifique, manifesta-se o "sofrimento dostoievskiano". E a verdadeira volúpia que experimenta nada tem a ver, aos olhos da ensaísta, com a melancolia e a impulsão do abismo que ressuma das páginas de Gérard de Nerval. 

Convenha-se: a exaltação desse sentimento, apontado apenas nos grandes místicos - para os quais a dor é meio eficaz para alcançar a "via unitiva"- leva à jubilação gozosa.

QUEIROZ, Maria José de. A literatura alucinada: do êxtase das drogas à vertigem da loucura. Rio de Janeiro: Atheneu Cultura, 1990. p. 87.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Os 31 livros de Maria José de Queiroz


Fotografia dos 31 livros de Maria José de Queiroz, na palestra na Faculdade de Letras da UFMG.
O Brasil não conhece o Brasil.