quinta-feira, 25 de abril de 2013

A doçaria portuguesa dos gerais

Em Baú de ossos, Nava documenta a filiação portuguesa da doçaria dos gerais, via Convento da Ajuda - o mesmo convento de que vieram as compotas e marmeladas para o jantar festivo do "Episódio de 1814" das memórias de Brás Cubas. As beatas de Juiz de Fora e arredores desciam ao Rio para visitar as freiras e subiam a Mantiqueira com receitas de doces e pasteis. Não as repetiam, talqualmente, de torna viagem. Davam-lhe cor local, recorrendo aos ingredientes mais à mão: "Os sobrepastos vernáculos e lusitanos mudavam no Brasil, como por exemplo os de ovos - que viraram noutros à simples adição do coco. Olha o ovo-mole do Aveiro, que é pai do quindim! Desses acréscimos, aos do Reino, nasceram os doces da Terra". 

QUEIROZ, Maria José de. A literatura e o gozo impuro da comida. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994. p. 287.